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Rapinagem

by De Soslaio

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1.
2.
(refrão: versos de João Cabral de Melo Neto) Na paz de Cristo eu não sinto abrigo Nem na paz desse Estado nem como inquilino É que de duas uma: O bom ameríndio aqui já se cansou Ou talvez nunca se acostumou O que que se pode esperar da vida quando os mais próximos aplaudem chacinas? Eu quero uma lista desses cristãos Eu quero uma lista Eu quero uma lista Haverá nomes que eu já esperava Surgirão outros como apunhaladas Os antigos insignificantes Agora são comandados comandantes Eleitores cativos classe-alvo quase policy-makers dignatários, os mais altos E os prognósticos que nunca foram bons estão agora embrutecidos E o futuro é um longo passado E o futuro é uma câmara de gás E agora, José, mestre carpina, que diferença faria se em vez de continuar eu tomasse a melhor saída: a de saltar, numa noite fora da ponte e da vida? O futuro passou e por termos perdido nem receberemos o prêmio de consolação É uma camada espessa muito subestimada mas que gera tristeza à qual eu não estou imune Isso me afeta Me espantaria o contrário Mas bem que eu queria Bem que eu queria Dizem que ser homem é o que eu preciso Dizem que ser homem é um objetivo Mas todos os homens só estão preocupados em ser homens Todos os homens estão preocupados só em ser homens Fomentar o lado direito o punhal a face mais dura a indiferença mais crua E os prognósticos que nunca foram bons estão agora embrutecidos E os prognósticos que nunca foram bons estão agora embrutecidos E o futuro é um longo passado E o futuro é uma câmara de gás E agora, José, mestre carpina, que diferença faria se em vez de continuar eu tomasse a melhor saída: a de saltar, numa noite fora da ponte e da vida? O futuro passou e por termos perdido nem receberemos o prêmio de consolação
3.
Me pedem um canto Mas não vejo motivo pra cantar Permaneço em silêncio E espero os impropérios que logo vêm: adivinhei É normal, é natural Contrariados, eles se vão e se perguntam: "o que lhe custava cantar?" O mesmo preço que lhes custa sonhar e não sonharão sobre um canto meu Se querem um canto que cantem eles mesmos Não recorram a mim pra satisfazer os seus desejos os seus desejos os próprios desejos Enquanto iam embora, eu entendia aqueles olhares entrecruzados que recriminavam a minha negligência "maldita!" era o que balbuciavam quase ruminantemente O que não é de se estranhar Como quando se perguntaram o que me custava cantar Quanto custava?!
4.
Essas ovelhas têm garra Mas não é garra de raça São sim garras de farsa E elas estão com fome E lutam pelo seu sangue E lutam pra conseguir sangue
5.
Zita 02:51
MÚSICA: Mario Lucio (Simentera) ADAPTAÇÃO PARA O PORTUGUÊS DO BRASIL: Sónia Maria Fonseca Pereira Oliveira Gomes, Rafael Mantovani Quem me pôs no mundo chama Zita E a outra metade chama Domingues Quem deu a novidade foi a dona Aninha que anunciou do alto: "é um rapazinho" Iguais aos do seu pai, olhos brasinos Duas covas na bochecha: é malandrinho Mandam buscar óleo de pulgueira O vizinho dá seu galo de gogó pelado Porque o menino é o sexto filho dos doze Sem festa de sete, a bruxa come Será que sem batizar, será que some? O preto Nhonhô diz: "não se incomodem" Um negro benzeu e um outro foi preso No pronunciamento era Mandela Começou a ver o mundo em preto e branco E mesmo o arco-íris, um borrão Mas com seus lápis de cor e alguns batons o mundo deixou de estar na sua mão Vêm a tia Bia com suas mandingas e a parteira com umas folhas de chá, dizendo: "acordem ele pra eu lhe dar banho pra afastar os perigos do amanhã Dizem que é bom pôr um talismã" Então, Zita levanta e diz num afã: "Ei! Deixem já o meu filho dormir"
6.
7.
Estalo 05:05
De onde surgiram as faíscas que se tornaram nossas iscas? Que cegaram os olhos, fomentaram os ódios Se fomos ingênuos, ao menos reconhecemos Pra não deixar estalar Não deixar estalar De onde surgiram as faíscas que se tornaram nossas iscas? Basta fechar os olhos, abafar os ódios Se formos ingênuos, não transpareceremos Pra não deixar estalar Não deixar estalar
8.
Liberais de chicote na mão Marxistas-antigreve Todos em busca de uma publicação A1 Todos buscando o título de titular Liberais de chicote na mão Marxistas-antigreve Foucaultianos ordeiros Todos em busca de uma publicação A1 Todos exatamente com o mesmo objetivo
9.
Gosto 05:29
Pra que lastimar mais se já se expôs o desejo Para que chorar, aliás Se o motivo eu já não vejo Só por mostrar-se capaz de esconder o medo com os próprios dedos Por que o silêncio da manhã acorda imagens tortas? O que são mesmo essas coisas aqui expostas? O que que eu fiz que eu nunca mais esquecerei? Pra que continuar mais se a petulância se mostrou demais? Talvez por gosto Reflexos toscos preencham o passado e chacoalhem este estado Talvez por gosto Talvez por gosto Não fecho a cortina Respiro nicotina Esqueço as premissas estabelecidas pra que a coisa toda enfim me deixe em paz Talvez por gosto Talvez só por gosto Esqueço as premissas estabelecidas pra que a coisa toda enfim me deixe em paz
10.
Segredo 06:35
Se eu tenho fome o sabor é um pouco diferente Mas papilas não dão palpites Ainda que o prazer seja convincente Mas se juram que o cheiro é de carniça É que os urubus querem apedrejar Melhor que ir à missa ou degustar é o gosto de subjugar No reino dos que se alimentam de putrefação, a sua coação cai É que já não me deixo levar Suas desilusões já não contam mais Esse é um segredo meu comigo mesmo Um segredo meu comigo mesmo Se a sua fome quer morte A minha quer palco Mas o meu ato não é de vingança É só o primeiro ato De alguém que se faz dia a dia, que não transforma a vida em espantalho pra maldizer quem apenas é pra maldizer quem simplesmente não pode não ser O meu prazer é rima rica Os que a compreendem não são todos Não me importo se não sabem ler Não atiro diamantes aos porcos Esse é um segredo meu comigo mesmo Um segredo meu comigo mesmo Enquanto as tochas não aparecem E não são cassetetes que dão boas-vindas Eu não escuto a sua gritaria Não me importa quem quer acabar com a vida O suporte dos que se dizem fortes é cortejar o gosto de morte Agora são coisas que eu expus aqui e você vai ignorar como conseguir Dizem que pode ser o sol que embaça a razão da gente ordeira e respeitosa Ainda se eu tenha uma vida virtuosa A medida da existência serão intimidades tratadas convenientemente como indecências então eu desisto.
11.
Vexame 02:58
Hoje eu vi diante de mim um espantalho com galhos furtados do local mais amaldiçoado dos meus segredos mais petrificados Se exibia como um chamariz para que todos pudessem rir Aglomerada multidão para a apresentação de um infeliz A isso contesto hesitante por um instante diante de tal exibição Mas me volto para o meu recanto que de encanto só há solidão
12.
Perder-se 03:16
Tem gente capaz de perder-se em um único trilho E a sua sentença é ser capaz de dividir em múltiplos um único caminho Tem gente capaz de esquecer que um dia foi amado E o seu castigo é juntar todos aqueles trilhos em um único sonho obstruído

about

"Zita" foi composta por Mario Lucio, gravada por Simentera. Letra adaptada para o português brasileiro com a ajuda da Sónia Gomes.

Versos do refrão de "Que diferença faria?" de João Cabral de Melo Neto. O piano de "Vexame" foi gravado por Pedro Assad.

"Perder-se" tem letra de Victor Hugo Fago Soares e Rafael Mantovani.

As demais, compostas por Rafael Mantovani.

Ilustração por Rodrigo Trabbold.

Registre-se o agradecimento às pacientes audições do Lucio Artioli, às ótimas dicas do Anderson Lima para "Segredo", à "semipesquisa" realizada pela Sónia Gomes para a compreensão da letra do Mario Lucio e, também, à extrema minúcia com que o Dija avaliou o disco, faixa a faixa. Muito obrigado!

À Marielle Franco (1979-2018), executada por demandar algo revolucionário em país de mentalidade estamental: que todos fossem iguais perante a lei.

Abril de 2018

credits

released April 9, 2018

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De Soslaio São Paulo, Brazil

Alternative rock band from São Paulo which has recorded some albums since 2002 and played now and then.

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