1. |
Facada no baço
03:08
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2. |
Liturgia pragmática
02:35
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O que se tem não é o que se fez
E o que se faz não vale mais
E se nota olhando pra trás
Quando se fala do que se trata
Na verdade não explica nada
na verdade não explica nada de nada
O que importa mesmo
é o que vem no fim do mês
Digam o que falem
que as máquinas parem
Elas nunca param
não importa a oração
Então no fim das contas
contabilize a omissão
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3. |
Ensaio sobre o homem
02:52
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Ensaio sobre o homem
Sobre o homem porque ele está deitado
Ensaio minhas tentativas de vida
Sobre ele por estar deitado sobre o palco
Realmente: ensaio sobre o homem
Toda minha vontade de ensaiar
Meu suor escorre sobre o seu rosto
Mas enquanto o homem estiver deitado
eu ensaio sobre ele
E não gostou do meu ensaio sobre ele?
Se aborreceu das coisas que eu disse dele?
É que se ele se deita, eu ensaio sobre ele
Se levantasse
eu ensaiaria
sobre outras coisas
E o convidaria
Mas ele segue deitado
E eu não tenho escolha
Então, eu danço sobre o homem
Treino sobre o homem
Ensaio sobre o homem
Mas levante-se, homem!
Ensaie comigo!
E basta de ensaios sobre o homem
Que ensaiemos sobre o palco agora
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4. |
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De que importa a sua vida?
De que importa a sua família?
Antes o destro escrevendo reprovava
agora a mão direita apedreja
O seu desejo é uma criança faminta,
que como criança, é perverso e cínico
que ignora o efeito do que é feito
e exige o prêmio por merecer ser única
E a sua fome precisa ser sanada
nem que precise mastigar os seus ossos
Se assim foi, é assim que deve ser
como quando a lei não fingia ser cega
Ela me vê
E ela te vê
Ela me vê
E ela te vê bem
E se ainda restar algum gosto pelo outro
Espero que você viaje pra longe
E se restar algum amor pelo próximo
Eu te ensino que as coisas mudaram:
A sua devoção dominical
precisa se transformar em cruzada
As coisas já não são como eram
Quando a felicidade recrutada
Era a dos outros
Quando a liberdade recrutada
Era só a dos outros
Quando os braços recrutados
Eram os dos outros
Quando o sangue derramado
Era o dos outros
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5. |
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6. |
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Eu nunca soube bem que palavra deveria usar
Eu nunca disse uma palavra do que eu sabia
Mas o que eu realmente não disse é que eu nunca
olhei bem pra você, nem espero que você fique,
que se explique
nem expresse com raiva
o que estava já subentendido
Se a hora urge e os ponteiros marcam quarenta
Já é hora de deitar as cartas sobre a mesa
Do outro lado eu vejo você blefando desesperado
Mas já não é hora de brincar, espero que você esteja pronto
Pra fazer um lar
Dos melhores que há
pois estamos ansiosos por isso
E eu já não quero mais me matar
porque o seu beijo de noite me oprime as pálpebras
E me faz esquecer que o peso é cansaço
E que o amor é ajuda mútua de duas almas amargas
Já não é mais salutar esperar uma resposta sã
Já não é mais salutar escutar a sua mágoa
Uma mágoa é só uma mágoa, já um silêncio é uma bênção
E eu não quero mais exigir que você justifique
porque prevaricou
ou se, de repente, tinha
um motivo bom pra prevaricar
E eu já não quero mais me matar
porque o seu beijo de noite me oprime as pálpebras
E me faz esquecer que o peso é cansaço
E que o amor é ajuda mútua de duas almas amargas
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7. |
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(música incidental) Estamira
Não entendi
Mas já não entendo muita coisa
Você jurava que era fácil
Jurava que era garantido
Mas é o caralho
Tem-se nojo ao sangue
e eu tenho vomitado sangue
"Por acaso alguém vai me beijar?"
O trocadilo é o copiador de Diazepam
O trocadilo é o copiador de Diazepam, eu sei
Tem-se nojo ao sangue
e eu tenho vomitado sangue
e eu tenho vomitado sangue
"Por acaso alguém vai me beijar?"
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8. |
Funeral de um lavrador
03:27
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Esta cova em que estás com palmos medida
É a conta menor que tiraste em vida
É a conta menor que tiraste em vida
É de bom tamanho nem largo nem fundo
É a parte que te cabe deste latifúndio
É a parte que te cabe deste latifúndio
Não é cova grande, é cova medida
É a terra que querias ver dividida
É a terra que querias ver dividida
É uma cova grande pra teu pouco defunto
Mas estarás mais ancho que estavas no mundo
Estarás mais ancho que estavas no mundo
É uma cova grande pra teu defunto parco
Porém mais que no mundo te sentirás largo
Porém mais que no mundo te sentirás largo
É uma cova grande pra tua carne pouca
Mas a terra dada, não se abre a boca
É a conta menor que tiraste em vida
É a parte que te cabe deste latifúndio
É a terra que querias ver dividida
Estarás mais ancho que estavas no mundo
Mas a terra dada não se abre a boca
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9. |
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Kirk morreu de causas naturais,
tinha 93 em 2014,
vivia na Georgia
E realmente não há nenhum problema nessa história?
Os inimigos são criminosos
O que não é verdadeiro para os nossos
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10. |
Passado dado de presente
04:08
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Como o tempo passa
Eu nunca imaginei
Que o meu presente
fosse o passado de alguém
dado de pirraça
sem consideração
e no fim das contas
ele estava com a razão
Como o tempo passa
Eu nunca imaginei
Que o meu presente
Fosse o passado de alguém
que nasceu depois
e se diz admirado
mas que não ouviu
sobre cabeças pisadas
se viraram hostis
ou, de repente, reticentes
e não mais queriam
tapinhas nas costas
Se não se mexe em time
que está ganhando
então acho que
o seu jogo acabou
acabou
Eu apostei em índole
aparentemente em vão
Eu não mudei nada
E você também não
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11. |
Diga o que disser
03:57
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12. |
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Portador da síndrome da fadiga crônica
É uma coisa a ser levada em conta
Primeira coisa a ser levada em conta
Portador da síndrome da fadiga crônica
Testada em laboratório de ponta
Imune a qualquer argumento contra
Suga força como uma esponja
cansaço que não se doma
Por isso deve ser levada em conta
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13. |
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Se, às vezes, quando dói demais
E tudo já está escuro
Como que eu vou fazer outra vez
pra esboçar aquele sorriso de sensatez
Quem foi que roubou os doces da mesa?
Tirou o dia só pra fazer desfeita?
Que já tinha falado de tudo
mas que resolveu falar ainda mais
Quem diz ouve o que não quer
E pra quem não faz também não tem volta atrás
Então eu só vou pegar a estrada
Se for a pro interior
Que haja presságios nobres
Que se tragam cores brilhantes
Pra brilhar, de fato, verdadeiramente
Por que falso brilhante, o disco já bastava
Se a madrugada já caiu
e a extinção do barulho já foi decretada
E nada que se busque se acha,
Nem mesmo que se rogue
uma dose de comiseração
Se um sonho brega foi retraído
Em benefício de um absurdo lícito
O que se diz pra quem só quis fazer sorrir
todo aquele que lembrar gestos de juiz
Não se soube que uns são pra julgar
E outros pra estar na contramão
Gente de brio em cujo sonho
talvez não se garanta que
a cafonalha não seja soberana
Mas essa é a verdade que eu não quero ver
Quem decretou esse luto não fui eu
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14. |
Hipersimbólico
02:31
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automático / semi-automático
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15. |
Longe
03:31
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Nada do que fez sentido um dia faz hoje em dia
Não há mais nada de bom na poesia
Das ruas às carceragens, o que restou?
Restou a mágoa, o ressentimento e a ressaca
Estou a cem mil passos do paraíso
Aqui os pedidos de ajuda não convêm
Aqui os alarmes não alarmam ninguém
Aqui a solidão é densa, volumosa
pesa e enverga e corrói
Estou a cem mil passos do paraíso
Onde a cidade se diz em risco
Perigo sobre a liberdade
Se os ricos afirmam, os pobres confirmam
Essa é a nossa sina
E estamos presos por causa da chacina
que nunca existiu
E estamos presos pela chacina
que nunca existiu
Estou a cem mil passos do paraíso
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De Soslaio São Paulo, Brazil
Alternative rock band from São Paulo which has recorded some albums since 2002 and played now and then.
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